Relacionamento tóxico com estilo de apego evitativo? Como sair do ciclo e resgatar a própria autonomia
- Gisele dos Anjos

- 24 de jul.
- 3 min de leitura
Atualizado: 30 de jul.
Como pode? Amar e ao mesmo tempo sentir esgotamento emocional ou solidão? Se doar e nunca parecer suficiente. Tentar consertar algo que a outra pessoa finge nem perceber.
Esse pode ser o retrato silencioso de um vínculo entre um estilo de apego ansioso e um evitativo. Um ciclo que fere mais do que acolhe.
O que acontece com o cérebro de quem tem apego ansioso
Quando alguém com apego ansioso se conecta com uma pessoa emocionalmente indisponível, o sistema nervoso entra em alerta máximo.
Áreas do cérebro ligadas ao medo e à dor relacional, como a amígdala, interpretam o afastamento como ameaça. Não é drama, nem exagero. É uma resposta biológica.
Cada silêncio, cada falta de resposta, ativa o circuito da rejeição. O corpo reage com ansiedade, pensamento acelerado, insegurança, sensação de urgência. E, para aliviar isso, a tendência é buscar reconexão a qualquer custo.
Essa busca constante pode vir em forma de mensagens, cobranças, tentativas de conversa ou justificativas que silenciam o próprio incômodo. No fundo, o que existe é medo. Medo de abandono. De não ser amade. De não ter valor.
Comportamentos tóxicos do estilo evitativo
Pessoas com estilo de apego evitativo costumam ter um histórico em que a vulnerabilidade não foi segura. A aproximação emocional, para esses corpos, pode soar como invasão ou risco de perda de controle.
Quando percebem que a conexão está ficando profunda, recuam. Evitam conversas. Mudam de assunto. Silenciam como forma de autoproteção.
E isso pode se tornar tóxico quando há manipulação silenciosa. Quando o distanciamento é usado como punição. Quando a ambiguidade gera confusão. Quando o retorno só acontece ao perceber que a outra parte está se afastando de verdade.
Essa dança relacional pode se tornar abusiva sem gritos nem brigas. É o jogo da presença instável, da comunicação truncada, da falsa neutralidade.
Mas o estilo ansioso também pode adoecer a relação: Insistir em permanecer onde há negligência. Tentar convencer alguém a mudar quando não há desejo real de mudança. Anular limites internos para não perder a relação. Confundir intensidade com intimidade.
Esse tipo de entrega também fere. Fere quem oferece, fere quem recebe, e fere o que poderia ser amor.
Por que essa combinação se torna tóxica? Porque alimenta o pior de cada um. Enquanto um busca conexão como forma de alívio, o outro foge dela como forma de defesa. Ambos agem por impulso emocional, não por escolha madura.
Esse ciclo não se desfaz com mais esforço. Se desfaz com consciência.
Caminhos para se desconectar emocionalmente
Aceitar o que está sendo comunicado com ações, não com palavras. Quem evita conversas importantes e ignora o sofrimento do outro não está disponível emocionalmente.
Estabelecer limites internos claros. Como: “Se a pessoa sumir por dias sem comunicação, não envio novas mensagens.”
Reduzir a exposição aos gatilhos. Silenciar redes sociais, evitar rever conversas, interromper o hábito de monitoramento digital.
Cuidar da química do próprio corpo. Relacionamentos instáveis viciam por ativarem dopamina de forma irregular. Buscar atividades prazerosas e estáveis ajuda o cérebro a sair do ciclo da obsessão.
Trocar a pergunta “por que isso está acontecendo?” por “o que posso fazer por mim agora?” Isso muda o foco da escassez para o autocuidado.
Praticar sua própria autovisualização com dignidade. Imaginar o próprio corpo saindo desse lugar com firmeza, caminhando em direção a relações que respeitem o tempo, os sentimentos e os limites.
Reflexão prática: Hoje, escolha um pequeno gesto de autonomia. Pode ser escrever uma carta (que não será enviada), silenciar notificações, fazer algo que simbolize recomeço. E se a dúvida bater, experimente perguntar: Se eu me tratasse com amor agora, o que eu faria por mim? Nem todo amor vale a dor que causa. Sair de um ciclo tóxico não é desistir de alguém. É escolher não desistir de si.
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